quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Basicamente é isto...



... espero que passem o vosso Natal in a magic position*







quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

On the road to nowhere



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Barcelona, Agosto 2007




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Helsínquia, Setembro 2007




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Paredes de coura, Agosto 2007



domingo, 16 de dezembro de 2007

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

E agora vou ali e já volto...







A pedido de uma certa menina trágica*, fui ao baú desempoeirar 3 poemas...




Já não sei se quando escrevo
por desejo ou cobardia

também me decalco, me inscrevo
ou se é pura heresia




*



O poema entristece
a tua tristeza.

Mais triste,
é não saber
como calar o poema.




*



Viajo para sul

em direcção à tua boca
e risco no céu o voo das aves
com os braços em debanda

não vôo,
mas sou tão volátil
quanto elas.





terça-feira, 11 de dezembro de 2007








Ardem as perdas








Já ardiam
na cabeça de minha mãe. Antes
tinha ardido a verdade e ardeu
também o meu pensamento. Agora
a minha paixão é a indiferença.
Oiço
na madeira dentes invisíveis.



Antonio Gamoneda




domingo, 9 de dezembro de 2007

Au revoir simone, bienvenue Nouvelle vague









Entre um e outro concerto, um milhão de anos-luz.
E eu, que estava à espera de ser embebido lentamente
na voz angelical de Mélanie Pain, saí completamente rendido
ao soul de Gérald Toto...




O lugar em que temos razão





Do lugar em que temos razão
jamais crescerão
flores na primavera.

O lugar em que temos razão
está pisoteado e duro
como um pátio.

Mas dúvidas e amores
escavam o mundo
como uma toupeira, como a lavradura.
E um sussurro será ouvido no lugar
onde houve uma casa
que foi destruída.



Yehuda Amichai




quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Tu estás aqui






Estás aqui comigo à sombra do sol
escrevo e oiço certos ruídos domésticos
e a luz chega-me humildemente pela janela
e dói-me um braço e sei que sou o pior aspecto do que sou
Estás aqui comigo e sou sumamente quotidiano
e tudo o que faço ou sinto como que me veste de um pijama
que uso para ser também isto este bicho
de hábitos manias segredos defeitos quase todos desfeitos
quando depois lá fora na vida profissional ou social só sou um nome e sabem
o que sei o que faço ou então sou eu que julgo que o sabem
e sou amável selecciono cuidadosamente os gestos e escolho as palavras
e sei que afinal posso ser isso talvez porque aqui sentado dentro de casa sou
outra coisa
esta coisa que escreve e tem uma nódoa na camisa e só tem de exterior
a manifestação desta dor neste braço que afecta tudo o que faço
bem entendido o que faço com este braço
Estás aqui comigo e à volta são as paredes
e posso passar de sala para sala a pensar noutra coisa
e dizer aqui é a sala de estar aqui é o quarto aqui é a casa de banho
e no fundo escolher cada uma das divisões segundo o que tenho a fazer
Estás aqui comigo e sei que só sou este corpo castigado
passado nas pernas de sala em sala. Sou só estas salas estas paredes
esta profunda vergonha de o ser e não ser apenas a outra coisa
essa coisa que sou na estrada onde não estou à sombra do sol
Estás aqui e sinto-me absolutamente indefeso diante dos dias.
Que ninguém conheça este meu nome
este meu verdadeiro nome depois talvez encoberto noutro
nome embora no mesmo nome este nome
de terra de dor de paredes este nome doméstico
Afinal fui isto nada mais do que isto
as outras coisas que fiz fi-las para não ser isto ou dissimular isto
a que somente não chamo merda porque ao nascer me deram outro nome
que não merda
e em princípio o nome de cada coisa serve para distinguir uma coisa das
outras coisas
Estás aqui comigo e tenho pena acredita de ser só isto pena até mesmo de dizer que sou só isto como se fosse também outra coisa
uma coisa para além disto que não isto
Estás aqui comigo deixa-te estar aqui comigo
é das tuas mãos que saem alguns destes ruídos domésticos mas até nos teus gestos domésticos tu és mais que os teus gestos domésticos
tu és em cada gesto todos os teus gestos
e neste momento eu sei eu sinto ao certo o que significam certas palavras como
a palavra paz
Deixa-te estar aqui perdoa que o tempo te fique na face na forma de rugas
perdoa pagares tão alto preço por estar aqui perdoa eu revelar que há muito pagas tão alto preço por estar aqui
prossegue nos gestos não pares procura permanecer sempre presente
deixa docemente desvanecerem-se um por um os dias
e eu saber que aqui estás de maneira a poder dizer
sou isto é certo mas sei que tu estás aqui.




Ruy Belo


quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Au revoir simone (para consumo light)




Belas pernocas e doces vozes.

De resto, e apesar de já terem um punhado de canções capaz de 'arrastar'
até ao Theatro Circo uma boa moldura humana, falta nervo e vertigem
à música (por vezes demasiado asséptica) destas meninas.

Deixemo-las amadurecer...



Não dizia palavras






Não dizia palavras,
Aproximava apenas um corpo interrogante,
Porque ignorava que o desejo é uma pergunta
Cuja resposta não existe,
Uma folha cujo ramo não existe,
Um mundo cujo céu não existe.
Entre os ossos a angústia abre caminho,
Ergue-se pelas veias
Até abrir na pele
Jorros de sonho
Feitos carne interrogando as nuvens.
Um contacto ao passar,
Um fugidio olhar no meio das sombras,
Bastam para que o corpo se abra em dois,
Ávido de receber em si mesmo
Outro corpo que sonhe;
Metade e metade, sonho e sonho, carne e carne,
Iguais em figura, iguais em amor, iguais em
desejo.
Embora seja só uma esperança,
Porque o desejo é uma pergunta cuja resposta
ninguém sabe.



Luis Cernuda




sábado, 1 de dezembro de 2007







Algo que flutue,
que abrace o sangue
numa minuciosa contorção

Algo veloz
como uma flor a arder
nas encostas do silêncio

como uma febre de pássaro
a vibrar azul.


Algo maduro,
como a luz a morder o teu corpo

algo como a palavra
num embuste à vertigem
da solidão.