Meus pensamentos são nómadas
Meus pensamentos são nómadas
e vagarosos
como a água que vem da montanha
e não sabe nada
do coração dos homens.
O meu, por exemplo,
tem a leveza do vento
e corre para casa como se fosse
um cão que precede
os passos do dono.
*
46
A guerra dos homens não inibiu
As cores do arco-íris: O mundo está pois
No seu caminho, no campo raso onde respiram
Os insetos silenciosos da morte. Os homens
Deslizam insaciáveis com o desejo
Virado para o céu. O corpo está pois
No bom caminho: A boca na terra
De quem vive apenas
Este momento.
*
Se eu pudesse deixar de correr
Caminhava se eu pudesse deixar de caminhar
Sentava-me à sombra da nogueira azul do céu
Se eu pudesse deitar-me deitava-me
Numa cova com a forma do meu corpo em
Repouso se eu pudesse deixar de cantar
Fechava os olhos e olhava o alto vazio
Onde não acontece nada a não ser
A conciliação provisória do caos
E da luz que não se cansa de nascer.
5 comentários:
Esta sequência está muito boa, mais o post de baixo ;)
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a conciliação provisória do caos.
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já tinha saudades do casimiro de brito.
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lindo! bolas, são tão poeticamente ignorante. prometi a mim mesma que este ano ia ler mais poesia, mas nem poesia nem prosa. só direito... :|
ainda não o disse mas a foto que agora puseste está absolutamente fantástica!!
off post: federer's the best, you know...the real master, the perfection, you know... =P
"Onde não acontece nada a não ser
A conciliação provisória do caos
E da luz que não se cansa de nascer."
Muito bom :)
*
Como estou triste por ter falecido hoje, um jovem de 45 anos, meu amigo, o Pedro Beça Múrias, filho de grande amigo meu, tb falecido, o Manuel Beça Múrias, do JORNAL.
Reproduzo este teu verso:
"Se eu pudesse deixar de correr
Caminhava se eu pudesse deixar de caminhar
Sentava-me à sombra da nogueira azul do céu
Se eu pudesse deitar-me deitava-me
Numa cova com a forma do meu corpo em
Repouso se eu pudesse deixar de cantar
Fechava os olhos e olhava o alto vazio
Onde não acontece nada a não ser
A conciliação provisória do caos
E da luz que não se cansa de nascer."
Desejamos os dois, Casimiro, canto contigo, novamente:
"A conciliação provisória do caos
E da luz que não se cansa de nascer."
Para nós dois, para ti, poeta muito mais: "a luz não se cansa de nascer"
Beijinho
Helena Barroso
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