segunda-feira, 9 de julho de 2007
Não, não é a minha aura.
São as luzes do El Corte Inglés.
Aquilo que vês na minha cara,
não é um sorriso,
é uma montra.
É uma loja.
É um balcão vazio.
“Entra e serve-te à vontade”.
Hoje estou em saldos,
hoje dou carícias à borla.
Hoje vendo-me
a este mar de gente
que espera pelo sinal
que me conhece tão bem,
porque não me conhece de todo.
Hoje ofereço palavras.
Hoje estou em promoção.
Hoje poderia convencer qualquer um
a comprar um pedaço de mim
a amar-me a vida inteira.
Amanhã mudo a montra.
Carmen Ruiz Fleta
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3 comentários:
este poema, e esta lilac wine!
i lost myself on a cool damp night
i gave myself in that misty light...
:)
Dá para mudar a montra todos os dias...?
Não, não dá. E ainda bem que assim é. No entanto, às vezes, faz-nos bem deixarmos por um dia o peso de "sermos"...
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