segunda-feira, 10 de março de 2008

3 poemas de Albano Martins




Asas que fossem, tuas
mãos podiam
tocar a íntima
nervura do silêncio.



*



De ti fiz a harpa e a lira,
a guitarra.

Outra música não sei.



*



A noite é uma página escrita onde há uma vírgula depois de cada
letra, um ponto depois de cada palavra, uma exclamação no fim de cada
frase. Ao fim de cada período está o teu corpo, aberto num parêntese
longo, que explica a súbita eclosão de auroras nocturnas.
No fim de tudo estão os teus olhos, redondos como duas afirmações,
loiros e despenteados.





5 comentários:

Queen Frog disse...

....estes trípticos de poesia:)
Ainda por cima gosto tanto de Albano Martins*

V. disse...

toma lá mais um:

Como um
livro
Folheei o
teu corpo como um livro
à procura da tua alma: encontrei-a no índice.


:)))

Anónimo disse...

tão visuais e tão musicais, as suas palavras. :)*

ana salomé disse...

têm o teu tom. também foste tu que os escolheste. belíssimos, albos como um silêncio ímpar. :)

*

matilde disse...

Escolheria apenas o último e talvez mais outros dois que tu não escolheste. Se fosse possível, também escolheria sempre “as noites” a páginas escritas.