E agora eu vou-me embora
e embora a dor
não queira ir já embora
agora eu vou-me embora
e parto sem dor
Sérgio Godinho
Trago dentro de mim
o peso de um fruto exógeno
como uma pedra
que floresce
para servir de lastro
à boca
vou
esboroando as mãos, as-per-gin-do--as
no sangue
até que cada dedo
seja um perfume - a latejar
num gesto interminável.
vou
como um homem-debruado-a-fogo
à procura
da sua própria sede
e que avança para mar alto
içado
na luminosidade
da sua loucura
até que se torne
numa imagem sereníssima
que resvale - imperturbável
pelas frágeis encostas
do mundo.
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
8 comentários:
Alguém que me leve pela mão... :)
huummmmm....
gostei muito...
"como um homem-debruado-a-fogo
à procura
da sua própria sede"
corajoso no mínimo :)
E eu, que acabo de chegar, encontro partidas.
Há muitos dias que há silêncio por aqui. Há demasiados, a meu ver...
hum hum. também acho.
Olá, quero pedir-te algo importante. Uma autorização. Estou a organizar uma mostra chamada "Poesia Quase Anónima: a poesia na blogosfera portuguesa" para expôr no Mercado Negro, uma associação cultural e um espaço multifuncional em Aveiro de que sou programador. O trabalho gráfico está a cargo da Menina Limão (meninalimao.blogspot.com). E queria saber se posso incluir um verso teu, mais concretamente, este:
e se fosse só amor, o amor?
Todos os poemas serão devidamente identificados. Se a resposta for sim, fico à espera dela nesta caixa de comentários ou em pedrojordao@gmail.com. Seja como for, parabéns pelo blog. O nome é insuperável.
Pedro
Sem querer encontrei palavras. Sem querer encontrei o crepúsculo de uma nota dissonante. Parabéns pelo poema e pelo blogue.
Enviar um comentário