sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Sob as sombras





De anjos falo – os seres
que por aqui transitam
entre a recepção e a psiquitria
e durante horas se enredam em novelos
onde as cores misturadas ampliam
os berros e as carícias sob as sombras.

Os seres que se masturbam
na solidão do mundo e sem lágrimas
rebentam com o peito contra as grades, fulminados
da azáfama dos pássaros nos cabelos
e a ausente presença de Deus
sobre os ombros

De anjos falo – no aterrador silêncio
perscruto-os em busca do refúgio
que não pode encontrar-se neste tempo
em que a vertigem fere as asas
imortais dos seres proscritos



Amadeu Batista





3 comentários:

Anónimo disse...

fico aqui, nestas palavras.

e naquela bicicleta ao sol,
mais acima.

____***

V. disse...

grande nó na minha cabeça.

Anónimo disse...

um poema de asas imortais. totais.