quarta-feira, 26 de setembro de 2007






Como se eu fosse um vinho
e tu abrisses os pulsos para me libertar
como se náufrago, sonhasse na tua carne
a firmeza da terra adiada.

como se o voo dos pássaros pairasse aceso
sobre os ramos do teu cabelo
até que as suas asas delirantes
pernoitassem nos teus olhos.

como se eu me rasgasse
na tua mão, e repleto
entrasse em ti como num jardim

como se hoje apenas eu
dançasse na areia movediça
da tua boca.




11 comentários:

Anónimo disse...

Guardo em mim tantos pedaços deste teu morrer. Como este. como se hoje apenas eu

Natália Nunes disse...

seu texto me lembrou uma transfusão de sangue, vital, viciosa...

V. disse...

Bem... eu já vim aqui três vezes, li e voltei a ler e, sinceramente, não encontro palavras. E apetece-me guardar este pedaço de morte improvisada também. Porque o acho precioso.

Beijo*

Happy and Bleeding disse...

:) *

menina tóxica disse...

boyyy...

isto é que foi uma boa morte improvisada.

;)

linfoma_a-escrota disse...

WWW.MOTORATASDEMARTE.BLOGSPOT.COM

MENSAGENS SUBLIMINARES

A seta aponta directamente para os pulsos,
Fecho os olhos e só vejo veias a
Latejar como se tivessem vida própria,
Sussuram algo para dizer
Que já sei, é na vertical que
Devo contentar com a Índia da minha mente
Escrevinhando infelicidades desta forma,
Bem perto das escadinhas e arcadas
Onde sempre viverei.
A seta enrodilha-se calmamente nesta aura,
Colorida pela falta de interesse
Sofre por saber que vai passar de prazo e fica
Sem fazer nada a não ser comprar mais e mais
Sem considerar a blasfémia de pedir ajuda,
Afinal de contas
Nunca o fez e nem foi assim tão mau
Seguir o processo de socialização e
Aninhar-se à vida sonhada de outros continentes.
Ser um eu, dá-lo a conhecer aos livros de recordes,
Com repercussões e muito amor,
Mais paz, mais segurança para as
Vidraças encharcadas da vida solitária ao relento da morte.
Tudo em câmara lenta e com botão de repetição se faz favor.
Rever e relembrar sorrindo que a
Seta esteve para estrangular o frágil pescoço de linho,
Todos os dias que via no espelho sua imagem
Sentia o cano frio na testa a
Suspirar um degradante porque não?
Sem sinal interrompido divino desistia e prosseguia. 2003
in fotosintese

Andreia disse...

Bem, eu li, reli, voltei a ler. Sinto-me esmagada. Isto é demasiado bonito :)

Ana disse...

ouch... doi de tão belo. a foto é um complemento e uma escolha magnífica. depois de ler e reler fiquei a dançar na areia movediça.

V. disse...

De volta a este pedaço de morte improvisada... Será muito muito muito abuso pedir-te para o postar um dia destes no meu blog? (Faço link, obviamente... :p) É que gostei mesmo... :D

Beijinho

Ana disse...

Muito sensual.

ana salomé disse...

n�o te cheguei a dizer que este teu poema, do que tenho lido, � dos mais seguros de si. nenhuma palavra parece estar a mais ou a menos: a respira�o � perfeita (h� coment�rios de sofreguid�o, antes deste)e a adjectiva�o/nominaliza�o est�o certamente conjugadas. a ora�o 'como se' tem um toque eugeniano, e estabelece uma compara�o com a realidade (que s� tu conheces) para a realidade po�tica de uma forma... sensorialmente genial.

ou seja: espl�ndido. :)