terça-feira, 25 de setembro de 2007

Três poemas de Alejandra Pizarnik







A tua voz
neste não poderem sair as coisas
do meu olhar
elas desapossam-me
fazem de mim um barco sobre um rio de pedras
se não é a tua voz
tu desatas-me os olhos
e por favor
que me fales
sempre


*

Alguém mede soluçando
a extensão da aurora.
Alguém apunhala a almofada
em busca do seu impossível
lugar de repouso


*


explicar com palavras deste mundo
que partiu de mim um barco levando-me





6 comentários:

eyeshut disse...

este último.....*

V. disse...

Lembrei-me disto:

... se a juventude viesse novamente do fundo de mim com suas raízes de escamas em forma de coração e me chegasse à boca a sombra do rosto esquecido pegaria sem hesitação no frágil leme do barco ... eu humilde e cansado piloto que só de te sonhar me morro de aflição ...

*

Happy and Bleeding disse...

ainda bem que te lembraste :)

Anónimo disse...

Sim, este último - porque de mim partiu também um barco.

Ana disse...

excelente... obrigada pela partilha.

"A tua voz
neste não poderem sair as coisas
do meu olhar"

Existem estas formas tão lindas de dizer as coisas.

saturnine disse...

Alexandra Pizarnik e Amalia Bautista têm sido pura e simplesmente duas das minhas mulheres preferidas na poesia. elas estão sempre a fazer partir barcos comigo dentro, carai.