sábado, 15 de setembro de 2007
O limiar e as janelas fechadas
O que é certo é que gostei de ti.
O resto não: se exististe,
e se assim foi, qual a cor dos olhos, ora verdes
ora cinzentos, deles levantou-se uma vez
um bando de andorinhas. Quais. As rápidas,
as que não andam, as que se amam no ar.
Como foi. Ficaste doente
ou coisa assim, levaram-te, muito se passou,
acho que ia ter outro filho e esqueci-me de ti
até ouvir-te, esta noite, a horas impossíveis,
vem comigo, é tempo. Larga tudo e sai,
espero por ti ao pé da cancela.
Mas cheguei lá e o trinco
estava solto, batia ao vento
contra o poste, fechei-o, voltei para trás,
a pensar em ti, que estiveste lá,
sabe-o Deus, que abriste a cancela,
que gostei de ti e também
que a porta não encaixava bem.
Eva Gerlach
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8 comentários:
Lindo.
Parece(me) que o gostar chega sempre a horas impossíveis, ainda que seja o tempo dele. Comigo tem andado de relógio desacertado..
Adorei o poema...
bjinho
um poema perfeito, com os dedinhos todos :)
(muito bom mesmo)
Ora, essas coisas não se explicam... :) Foi-me directo ao coração. Fez-me lembrar coisas bonitas quando o amor é só amor e mais nada. Sem nomes. E é só... Sou muito prática. Posso não gostar de grandes poemas. Gosto daqueles que me são familiares. E se aquele não é um poema devia ser elevado a estatuto maior... :p
Beijinho*
(Expliquei-me bem?!)
perfectly :)
Este poema é lindo e incrivelmente atingiu-me pelos descocertantes pormenores, como quase um filme ou uma tela. A cancela que não fechava bem e que nã deixava ocupar tda a mente com a ausência do seu amor.
........*
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semelokertes marchimundui
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