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Poesia, s. f.
Raiz de água larga no rosto da noite
Produto de uma pessoa inclinada a antro
Remanso que um riacho faz sob o caule da manhã
Espécie de réstia espantada que sai pelas frinchas de um homem
Designa também a armação de objetos lúdicos com empregos de palavras imagens cores
sons etc. geralmente feitos por crianças pessoas esquisitas loucos e bêbados
Poeta, s. m. e f.
Indivíduo que enxerga semente germinar e engole céu
Espécie de uma vazadouro para contradições
Sábia com trevas
Sujeito inviável: aberto aos desentendimentos como um rosto
Sol, s. m.
Quem tira a roupa da manhã e acende o mar
Quem assanha as formigas e os touros
Diz-se que:
se a mulher espiar o seu corpo num ribeiro florescido de sol, sazona
Estar sol: o que a invenção de um verso contém
Árvore, s. f.
Gente que despetala
Possessão de insetos
Aquilo que ensina de chão
diz-se de alguém com resina e falenas
Algumas pessoas em quem o desejo é capaz de irromper
sobre o lábio, como se fosse a raiz de seu canto
Apêndice:
Olho é uma coisa que participa o silêncio dos outros
Coisa é uma pessoa que termina como sílaba
O chão é um ensino.
Manoel de Barros
7 comentários:
Tudo muito divertido, a lembrar-me outros tempos meus, de meninice, de espanto, quando se faziam coisas a que se chamavam tertúlias, e homens de barba e cachimbo me faziam lembrar solenidade.
Tudo muito divertido, quero dizer, o título, a imagem, a poesia em si.
Tudo muito divertido, deu-me para sorrir, e depois ler outra vez, e rir.
Adorei este poema!
:)
gostei :)
Desculpem a minha ignorancia...
Quem é este Manoel de Barros?
Guardo agora estes sinónimos comigo.
Fantástico mesmoooooooooooo!
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