domingo, 14 de outubro de 2007
Há alguém que escreve
ao fundo da casa.
Escreve com o corpo
intumescido de medo.
Está à espera
da loucura sob o peso
pungente da noite.
O silêncio devora-lhe
a boca.
Protege-se com as mãos dolorosas
com que trabalha o poema
e move-se como um corpo
que há muito desaprendeu
a luz.
Está ao fundo da casa
como uma lâmpada apagada
e escreve
como um abismo em
exsudação.
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8 comentários:
muito muito muito muito bom.
Está tudo tão bonito! :)
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adorei a nova imagem e a saga dos "post-hits" :)
só acredito verdadeiramente nos poetas que mostram o medo de escrever.
Quanto `a imagem, confesso que preferia a outra imagem...metia-me medo. Arrepiava-me.
Esta, nao sei porque, convida-me mais facilmente a entrar neste site. E a morte nao pode ser assim convidativa...
gostei do silêncio que devora bocas. a palavra também tem, frequentemente, o mesmo efeito.
este poema devorou um pouco do silêncio.
"um abismo em exsudação."
maravilhosa essa imagem!
Gosto do teu novo horizonte e da tua bicicleta.
Gosto de voltar a ver preto; combina com o silêncio, com o medo e com o fundo da casa.
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